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quinta-feira, 8 de outubro de 2020

'Moderno' e 'versátil': analistas destacam uso do novo blindado Guarani pelo Exército Brasileiro

 


O Exército Brasileiro está preparando seus regimentos para que recebam unidades do novo veículo Guarani, o principal blindado do país. A Sputnik Brasil ouviu dois especialistas da área militar sobre o novo veículo, que apontaram seu papel estratégico e sua introdução na frota do país.

Na última quinta-feira (1º) o 12º Regimento de Cavalaria Mecanizado (12º RC Mec) do Exército Brasileiro recebeu emprestado de outro regimento uma unidade do novo blindado Guarani. Conforme comunicado publicado pelo Exército, o objetivo do empréstimo é realizar treinamentos visando a participação do regimento na Operação Vitória, um exercício militar que será realizado pela 6ª Divisão de Exército no município de Lavras do Sul (RS), no mês de novembro.

Substituto do Urutu, Guarani é considerado um 'blindado moderno'

Roberto Godoy, jornalista e especialista em questões militares, explica que o 1.580 VBTP-MR Guarani é um veículo blindado de seis rodas "muito moderno" e com foco no transporte de tropas, mas com versatilidade capaz de torná-lo apto a exercer outras funções - um tipo de blindado valorizado no mundo inteiro, segundo ele.

"É um blindado de múltiplo emprego muito moderno e pesa pouco mais de 14 toneladas. É um veículo para transporte de tropas, ou seja, funciona fundamentalmente como um veículo transportador de pessoal. Ele [o Guarani] leva soldados armados prontos para entrar em combate em áreas sensíveis, áreas sob fogo. Mas ele também tem versões para transporte de morteiro, lançamento de mísseis, lançamento de foguetes", afirma Godoy. O veículo conta ainda com uma versão que usa uma torre com uma metralhadora .50 ou um canhão de 20 mm controlado remotamente.

O Guarani, segundo Godoy, é hoje o principal projeto do Exército brasileiro na área de veículos blindados, tendo a função principal de dar mobilidade às tropas, com capacidade de transporte de até 11 militares. Por isso mesmo, o veículo tem relevância na estratégia de defesa do país.



REPRODUÇÃO / EXÉRCITO BRASILEIRO
O veículo blindado de transporte de pessoal Guarani, em 11 de outubro de 2011

Pedro Paulo Rezende, também especialista em assuntos militares, recorda que o Guarani substituirá principalmente as unidades do blindado Urutu, em uma parceria ítalo-brasileira com a Iveco, que fabrica o Guarani.

"O Exército brasileiro estabeleceu as especificações, algumas empresas se candidataram e quem melhor se adaptou à proposta foi a Iveco, que é ítalo-brasileira", aponta, em entrevista à Sputnik Brasil. A licitação vencida pela Iveco foi realizada em 2007.




Dezenas de veículos blindados de transporte de pessoal Guarani enfileirados, em 17 de dezembro de 2014

Cerca de 1.580 unidades do blindado foram encomendadas ainda em 2016, sob um contrato de R$ 5,9 bilhões. Segundo os especialistas ouvidos pela Sputnik Brasil, estima-se que entre 400 e 600 unidades do Guarani já tenham sido entregues, o que apontaria um ritmo mais lento do que o esperado.

"O ritmo de entrega está muito menor, muito menos acelerado do que seria desejado, porque afinal de contas esse carro vai substituir todos os Urutus e parte dos caminhões que o Exército Brasileiro usa", detalha Rezende

Treinamento e Operação Vitória

Sobre o envio de uma unidade para o treinamento no 12º RC Mec, Godoy explica que se trata de uma iniciativa de adaptação ao veículo, uma vez que o Guarani ainda não foi enviado para todos os regimentos do Exército.

"O que está acontecendo é que nem todos os regimentos de cavalaria mecanizada, nem todas as unidades que vão receber o blindado Guarani, já receberam. Então, como a cadência de entrega, por causa das restrições orçamentárias, falta de dinheiro, foi esticada, a cadência de entrega foi alongada, o que está acontecendo é que as unidades que ainda não receberam estão recebendo por empréstimo de outras unidades para começar a preparar seu pessoal e começar a se familiarizar com o novo blindado", explica Godoy.

A Operação Vitória, exercício militar de rotina agendado para novembro pelo Exército Brasileiro, empregará o uso do veículo, e o treinamento de regimentos que participarão da atividade tornou-se um objetivo. Segundo Godoy, esse é um tipo de operação comum, que serve para "manter a tropa sempre pronta para ser empregada".



O veículo blindado de transporte de pessoal Guarani, em 24 de novembro de 2014

O especialista Pedro Paulo Rezende destaca ainda que a Operação Vitória tem como finalidade desenvolver tática e logística, para garantir uma dinâmica veloz às tropas do Exército Brasileiro.

"Esse exercício não tem uma visão estratégica, tem uma visão logística e tática. É como você vai deslocar os carros em um campo de batalha mais ou menos real - os campos de treinamento brasileiros permitem que você atue de maneira quase real. E também a parte logística, que é como você vai manter e abastecer esse equipamento que está no campo de batalha", afirma Rezende.

As opiniões expressas nesta matéria podem não necessariamente coincidir com as da redação da Sputnik

Dunas de 1 bilhão de anos são encontradas em Marte (FOTO)

 


A descoberta de dunas marcianas amplamente preservadas de até um bilhão de anos oferece novas informações sobre as condições climáticas e geológicas do Planeta Vermelho.

Cientistas anunciaram a descoberta de um grupo de dunas de areia marcianas de um bilhão de anos na região marciana dos Valles Marineris. A rara descoberta levou a equipe a outro achado: o clima, a pressão atmosférica e a evolução da paisagem em Marte permaneceram relativamente consistentes nos últimos bilhões de anos. O estudo foi publicado na revista científica Journal of Geophysical Research Planets.

A observação das dunas foi realizada após o mapeamento de extensos depósitos de rochas sedimentares, que mostraram evidências claras de litificação preservada e soterramento de campos de dunas.



Campo litificado de dunas de areia em Valles Marineris, Marte
"Este nível de preservação é raro para dunas de areia terrestres devido a contínua erosão e [atividade] tectônica", afirma em comunicado Matthew Chojnacki, autor principal do estudo.

"Com base nas relações do depósito de dunas com outras unidades geológicas e taxas de erosão modernas, estimamos que [as dunas] tenham cerca de um bilhão de anos. Devido ao tamanho das dunas e arranjos espaciais, que não são muito diferentes dos equivalentes modernos, sugerimos que o clima e a pressão atmosférica devem ter sido semelhantes aos de Marte atualmente", acrescenta o cientista.

"Esses resultados nos informam que o transporte de areia, a deposição e a litificação causados pelo vento ocorreram na maior parte da história recente de Marte. Eles também ilustram como a evolução da paisagem lá difere muito em comparação com a da Terra", comenta Chojnacki.

O estudo utilizou dados coletados por instrumentos do Orbitador de Reconhecimento de Marte e da Mars Odyssey, missões supervisionadas pelo Laboratório de Propulsão a Jato, da agência espacial norte-americana NASA.