A criação de uma nova frota da Marinha dos EUA no Indo-Pacífico poderia representar uma ameaça aos crescentes interesses da China na região porque cobriria as principais rotas comerciais, segundo analista.
Na terça-feira (17) Kenneth Braithwaite, o secretário da Marinha dos EUA, sugeriu que o serviço deveria criar uma nova frota no limite entre os oceanos Índico e Pacífico.
"Queremos criar uma nova frota numerada. E nós queremos colocar essa frota numerada na encruzilhada entre os oceanos Índico e Pacífico", disse.
Suas declarações surgem um dia antes da realização da segunda fase de um exercício naval no mar Arábico, integrado pelos EUA, Índia, Austrália e Japão, que é visto como parte de uma iniciativa regional para conter a crescente assertividade da China no Indo-Pacífico.
O oceano Índico é um elo crítico nas rotas comerciais globais, sendo que 80% do comércio marítimo passa por esta via.
Segundo uma análise conduzida pelo Instituto de Estudos Chineses Mercator, 80% das importações de petróleo de Pequim passam pelo estreito de Malaca, o ponto mais movimentado do oceano Índico.
Uma nova frota dos EUA focada no oceano Índico poderia ser um problema para as ambições da China na região, disse analista militar Song Zhongping.
"China depende muito mais do oceano Índico do que do Pacífico Ocidental", explicou. "Colocar uma frota da Marinha dos EUA seria como agarrar a China pela garganta, isso prejudicaria os interesses de desenvolvimento da China em termos de cadeias de abastecimento de energia e de investimentos em projetos da Iniciativa do Cinturão e Rota [também conhecido como Um Cinturão, Uma Rota]", comentou.
Timothy Heath, analista sênior de pesquisa em defesa internacional do centro norte-americano de análise estratégica RAND, avançou que os EUA poderiam facilmente criar uma nova frota, mas poderia ser um desafio construí-la.
"Ao longo do tempo a frota naval dos EUA diminuiu consideravelmente e já enfrenta desafios no cumprimento das obrigações dos comandos existentes. Muito provavelmente o novo comando operaria com um número reduzido de navios, pelo menos no início", afirmou.
Charlie Lyons Jones, pesquisador do programa de defesa e estratégia do Instituto de Política Estratégica da Austrália, disse que a decisão de criar uma nova frota seria bem recebida por aliados dos EUA, que podem estar dispostos a abrigar uma instalação americana adicional, escreve South China Morning Post.
"Mas existem preocupações legítimas que a criação de uma Primeira Frota baseada no oceano Índico tenha sido um pouco desordenada e feita sem muitas consultas com os aliados", explicou.
No fim de outubro, Kenneth Braithwaite afirmou que a China representa uma ameaça maior do que muitos norte-americanos imaginam.
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