Conforme a pandemia de COVID-19 avança, a Rússia parece não ser mais a "principal ameaça" para a OTAN e demais países ocidentais. Para especialistas, a pandemia pode abrir portas para uma melhora na relação entre OTAN, Rússia e China.
A pandemia global de COVID-19 já causou o cancelamento de inúmeros exercícios e manobras militares ao redor do mundo e irá exigir planos de longo prazo para garantir a saúde e prontidão das tropas.
Enquanto as forças armadas de diversos países estão sendo chamadas para ajudar os seus cidadãos em território nacional, especialistas acreditam que existe a oportunidade de melhorar a relação da Rússia e da China com a maior aliança militar da atualidade, a OTAN.
Para o professor e vice-diretor do Departamento de Relações Internacionais da Universidade Yildirim Beyazit de Ancara, Turquia, Giray Sadik, a pandemia de COVID-19 é, sem dúvida, a maior ameaça da atualidade, ultrapassando qualquer outra.
"[A COVID-19] é como um imã na situação de segurança global para todos, não só para a OTAN, a Rússia ou a China, mas para todo o mundo", disse. "A OTAN não está em guerra com a Rússia, agora todos então em guerra contra o coronavírus", disse.
De acordo com Sadik, além da preocupação com a pandemia, os líderes globais passam a fazer planos para o mundo pós-COVID-19. O professor acredita que, após o fim da pandemia, irão ocorrer mudanças fundamentais no mundo, incluindo a maneira como se travam guerras.
No entanto, é provável que a OTAN "continue fazendo o que está acostumada, porque foi construída para isso", notou o especialista.
Para Sadik, quando o assunto é combater a COVID-19, Rússia, China e OTAN estão do mesmo lado.
"Nós vemos que alguns canais diplomáticos estão sendo retomados. A Rússia está enviando ajuda para a Itália, enquanto muitos países europeus não o fizeram, apesar de serem membros da União Europeia e da OTAN. A Rússia também está enviando ajuda aos EUA. Isso se torna mais falado, fica em evidência. Isso é parte da diplomacia pública", disse.
No entanto, nos assuntos tradicionais da agenda de segurança internacional, como a Ucrânia, a Síria ou a Líbia, as diferenças entre as principais potências militares se mantêm.
© SPUTNIK / MINISTÉRIO DA DEFESA DA RÚSSIA
Especialistas militares russos com fatos de proteção bacteriológica inspecionando instalação médica em Bérgamo
"Em assuntos como a Síria e a Líbia, nós vemos que existem posições divergentes mesmo entre aliados. Alguns deles têm melhores relações com a Rússia do que entre si", notou Sadik.
Para o especialista, em meio à COVID-19, existem sinais de que há espaço para melhora nas relações entre a OTAN e a Rússia.
"Esta é outra indicação de que há algum espaço para um degelo nas relações, mas também existem sinais de que a OTAN irá continuar fazendo aquilo para que foi criada e é provável que siga nessa linha", concluiu Sadik.
O número de casos de COVID-19 mundialmente já ultrapassa 1 milhão e 200 mil. Mais de 64 mil pessoas faleceram em consequência do vírus. Os países com maior número de casos são os EUA, Espanha e Itália.
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