Mais de 20 membros Republicanos do Senado dos EUA expressaram seu descontento com o abandono de equipamento militar do país no Afeganistão, que ficou nas mãos do Talibã.
Um grupo de 25 senadores Republicanos escreveu uma carta a Austin Lloyd, secretário de Defesa dos EUA, exigindo que a administração do presidente norte-americano Joe Biden contabilize o equipamento militar financiado pelos contribuintes nacionais que agora foi apreendido pelo Talibã (organização terrorista proibida na Rússia e em vários outros países).
"Ao observarmos as imagens que saíam do Afeganistão quando o Talibã retomou o país, ficamos horrorizados ao ver o equipamento dos EUA, inclusive UH-60 Black Hawks, nas mãos do Talibã", escreveu o grupo de senadores.
Têm surgido do Afeganistão relatos de como o grupo militante capturou não apenas armas e munições estocadas pelas tropas dos EUA, mas também helicópteros e veículos blindados pesados.
"É inconcebível que equipamentos militares de alta tecnologia pagos pelos contribuintes americanos tenham caído nas mãos dos Talibãs e de seus aliados terroristas. Garantir os ativos dos EUA deveria ter sido uma das principais prioridades do Departamento de Defesa dos EUA antes de anunciar a retirada do Afeganistão", indica a carta.
O texto exortou a criação de um relatório completo do equipamento militar fornecido às forças armadas afegãs no ano passado. Acredita-se que o Talibã tenha tomado posse de mais de 2.000 veículos blindados, incluindo caminhões Humvees, e cerca de 40 aeronaves, incluindo UH-60 Black Hawks, drones militares ScanEagle, e helicópteros de ataque.
Os senadores também levantaram preocupações sobre a possibilidade de o Talibã trabalhar com países hostis aos EUA para utilizar o equipamento altamente avançado, tais como "a Rússia, Paquistão, Irã ou República Popular da China para treinamento, combustível ou infraestrutura necessária para utilizar o equipamento que eles não têm capacidade de usar por conta própria".
Conclusões já realizadas
Na segunda-feira (16) foi publicado um relatório condenatório de 140 páginas intitulado "O que precisamos aprender: Lições de 20 anos de reconstrução do Afeganistão" de John Sopko, inspetor-geral especial para a Reconstrução do Afeganistão (SIGAR, na sigla em inglês) dos EUA, a principal autoridade de auditoria do governo norte-americana, sobre como Washington incorreu em despesas inúteis no Afeganistão.
"Se o objetivo era reconstruir e deixar para trás um país que possa se sustentar e representar pouca ameaça aos interesses de segurança nacional dos EUA, o quadro geral é sombrio", conclui o relatório.
Biden anunciou na primavera que os milhares de tropas dos EUA presentes no país nos últimos 20 anos partiriam até 31 de agosto. O Talibã lançou posteriormente uma grande ofensiva contra as forças afegãs, capturando grandes partes da nação, antes de tomar a capital Cabul no domingo (15).
O país está testemunhando cenas caóticas após a tomada do poder pelo Talibã, com o ex-presidente afegão Ashraf Ghani fugindo do país no domingo (15) e surgindo poucos dias depois nos Emirados Árabes Unidos, alegando ter deixado o Afeganistão para evitar derramamento de sangue.
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