Mesmo com as tensões entre EUA e Rússia relacionadas à Ucrânia, um senador republicano e membro do Comitê de Serviços Armados do Senado, Roger Wicker, sugeriu em várias entrevistas recentes que os EUA podem se envolver militarmente em caso de conflito, inclusive, por meio do uso de armas nucleares contra a Rússia.
O Comando Estratégico dos EUA, que controla o armamento nuclear americano e tudo relacionado ao seu uso (incluindo comunicações estratégicas) lançou exercícios Global Lightning (o mesmo que "relâmpago global") projetados para testar a prontidão de seu aparato ao se envolver em uma possível guerra nuclear.
Embora os próprios jogos de guerra tenham sido planejados há muito tempo e sejam rotina para a Força, segundo relatos, dificilmente este é o melhor momento para sua realização. Os EUA estão constantemente expressando preocupações sobre uma suposta invasão russa na Ucrânia e ponderando opções de retaliação. Os últimos exercícios Global Lightning, realizados em abril de 2021, envolveram os EUA usando armas nucleares como dissuasão em um impasse hipotético com a Rússia.
Este ano, no entanto, o Global Lightning se concentra em uma resposta a um possível conflito nuclear com a China. O exercício em si não envolve armas nucleares ou mesmo lançamentos ou bombardeios. Em vez disso, o Comando Estratégico dos EUA verifica os circuitos de comando e controle nuclear, incorpora as inovações do ano passado em táticas anteriores e testa a tomada de decisões de acordo com um plano de guerra nuclear.
Este último foi atualizado pela última vez em 2019, mas as primeiras informações escassas sobre as mudanças surgiram apenas recentemente via requisição de acesso à informação pública.
Novo plano, novos jogos militares
O novo plano de guerra nuclear dos EUA reflete uma transição que a OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) vem experimentando nos últimos anos – uma mudança da luta contra o terrorismo e um retorno à "grande competição de poder". A mudança e as últimas adições ao arsenal nuclear dos EUA, supostamente tiveram seu efeito na maneira como Washington espera que um conflito nuclear se desenrole.
O novo plano não depende mais de uma doutrina de Destruição Mutuamente Assegurada (MAD, na sigla em inglês) – algo que serviu no passado como um impedimento significativo ao uso de armas nucleares (que ainda funciona nas doutrinas de outros países, incluindo a Rússia). Atualmente, o Pentágono espera que algumas forças dos EUA sobrevivam a um hipotético primeiro ataque da Rússia ou de outro estado nuclear e, posteriormente, se recuperem, contra-ataquem, se preparem e repitam um ataque até que o inimigo seja derrotado ou não haja mais ninguém vivo na Terra para lutar. Essa nova abordagem está sendo testada durante os jogos de guerra Global Lightning deste ano.
O novo plano de guerra nuclear dos EUA também inclui a introdução de armas convencionais adicionais na força estratégica dos EUA, à medida que se torna cada vez mais dependente de tecnologia diferente da nuclear, incluindo defesa aérea, guerra cibernética e equipamentos anti-interferência. Além disso, uma nova tecnologia redundante de "comunicação protegida" foi introduzida na Força, a chamada família de terminais avançados além da linha de visão (FAB-T, na sigla em inglês).
Assim como outras linhas de comunicação utilizadas pelo Comando Estratégico dos EUA, a FAB-T foi desenvolvida para funcionar mesmo em condições difíceis de guerra nuclear que podem destruir outros meios de comunicação. Sua principal função é permitir que o presidente e o alto escalão militar se comuniquem com os operadores de suas armas nucleares e deixe que estes respondam de volta. O FAB-T precisa funcionar perfeitamente com outros sistemas usados pela Força e, portanto, passou por um "teste de estresse" durante os atuais exercícios do Global Lightning.
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