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terça-feira, 31 de março de 2020

Estudiosos derrubam o mito do milagre econômico da ditadura: estagnação ou recessão para 70% dos trabalhadores


Segundo estudo dos economistas Marcelo Medeiros, professor da Princeton University, e Rogério Barbosa, pós-doutorando da USP, houve “recessão” para pelo menos um terço dos trabalhadores e estagnação para outros 40%. Enquanto isso, para o ministro Fernando Azevedo e Silva (Defesa), o golpe de 64 foi um "marco" para a democracia brasileira


Dois grandes estudiosos mostram que 82% do crescimento da renda dos salários na época da Ditadura Militar (1964-1985) foi apropriado pelos 10% mais ricos. A constatação é dos economistas Marcelo Medeiros, professor visitante da Princeton University, e Rogério Barbosa, pós-doutorando da Universidade de São Paulo. 

 “Nossa principal conclusão até o momento é de que o crescimento de 1960 a 1970 foi altamente pró-ricos, com grandes parcelas da população tendo perdas ou permanecendo praticamente estagnadas”, dizem eles, em nota, conforme publicado na coluna de Miriam Leitão
Já o Ministério da Defesa divulgou um documento em que homenageia o Golpe Militar de 1964 e diz que "o movimento é um marco para a democracia brasileira".
Segundo os pesquisadores, “o crescimento foi altamente concentrado. Cerca de 82% de todo o crescimento foi apropriado por apenas 10% dos trabalhadores. O crescimento econômico entre 1960 e 1970 foi pró-ricos. A economia os favoreceu desproporcionalmente e deixou os pobres para trás. Houve grande aumento da desigualdade de renda”.
De acordo com o estudo, houve “recessão” para pelo menos um terço dos trabalhadores e estagnação para outros 40%. “Somados, 70% dos trabalhadores não tiveram qualquer ganho.”
“Não é correto chamar o período de ‘fase do milagre econômico da ditadura’. Uma expressão que descreva melhor o período seria ‘fase do crescimento pró-ricos da ditadura”.

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