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sábado, 25 de abril de 2020

Moradores de favela no Jaguaré, na Zona Oeste de SP, protestam pela morte de rapaz de 23 anos após abordagem policial


Jovem de 23 anos foi visto pela última vez sendo colocado em um carro da Polícia Militar, segundo moradores da Favela do Areião, às margens da Marginal Pinheiros.


Moradores da favela do Areião, no Jaguaré, Zona Oeste de São Paulo, protestaram na tarde deste sábado (25) pela morte de um rapaz de 23 anos. Ele foi visto pela última vez sendo colocado em um carro da Polícia Militar pouco antes das 20h da última sexta (24).

Imagens obtidas pela TV Globo mostram David Nascimento dos Santos caminhando entre os carros em uma viela. Uma viatura cinza, da Polícia Militar, para ao lado dele. David é chamado, volta e é revistado. Outro policial desembarca e David é colocado no banco de trás do carro. O veículo vai embora com a porta de trás aberta.

Horas depois, David foi encontrado baleado no Hospital Geral de Osasco. A família reconheceu o corpo do jovem pelas suas tatuagens.

Segundo a corporação, todas as circunstâncias da morte estão sendo investigadas por um inquérito da Polícia Civil e outro da própria Polícia Militar. Em nota, a PM diz ainda que a arma do autor do disparo e dos policiais envolvidos vão passar por perícia. A corregedoria da Polícia Militar acompanha o andamento das investigações.

Vídeo mostra viatura
De acordo com a família do jovem, David veio até a viela pegar um lanche que ia chegar pelo serviço de entrega. Minutos antes de ser visto entrando na viatura, o rapaz trocou mensagens com a namorada.


Ela conta que David estava com um vizinho baixando um vídeo na internet. Em um áudio, ele diz: “Já, já eu tô descendo. Já baixei alguns aqui.” Depois disso, a namorada não conseguiu mais contato com ele.

“Eu mandei a última mensagem no celular dele e ela não chegou. Então, desligaram o celular dele, porque eu tava ligando pra ele e tava dando caixa postal e não tava recebendo as mensagens”, diz a jovem.
Duas horas depois os moradores da comunidade do Areião receberam a notícia de que um rapaz havia sido baleado em uma favela vizinha, em Osasco, e levado pela polícia para o Hospital Geral de Osasco.

“A gente foi no hospital, aí demoraram pra responder pra gente, que tinha que esperar a perícia sair de lá, eles estavam falando. Aí quando a perícia saiu, demorou um tempo eles liberaram, aí a tia dele entrou lá e reconheceu o corpo dele por causa da tatuagem que ele tinha”, afirma a namorada.

Na delegacia, o caso foi registrado como roubo e morte por intervenção policial. Trata-se da classificação usada para mortes que ocorrem em operações policiais.

Ao delegado os PMs disseram que perseguiam três suspeitos de assaltas um motorista por aplicativo. Na versão dos policiais, um deles saiu do mato atirando e foi baleado. Os outros dois fugiram.

Segundo a família, David já havia sido preso por usar um celular roubado e respondia em liberdade. Ele estava desempregado e trabalhava como camelô, vendendo água e salgadinhos.

“Ele estava ganhando uma vida. Sabe, trabalhando de uma vida honesta, trabalhando num sol quente na Marginal Pinheiros, que é logo de frente”, diz uma familiar.

Na tarde de sábado, moradores da comunidade do Areião protestaram contra a morte de David. Eles atearam fogo em papéis e madeira, bloqueando a Marginal Pinheiros no sentido Interlagos. A PM acompanhou o protesto.

Por César Galvão, SP2 — São Paulo

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