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terça-feira, 22 de setembro de 2020

Inconformado com mulher divorciada no culto, pastor espanca a mãe dela, de 54 anos. Por Daniel Trevisan

Dona Maria Aparecida, a igreja e o perfil do pastor-agressor
Publicado por Daniel Trevisan - 22 de setembro de 2020

Era para ser mais um culto na igreja Assembleia de Deus, ministério Pleno Amor, em Cuiabá, no último domingo, mas a reunião dos fiéis terminou na delegacia de polícia, com uma mulher com hematomas nos olhos e um dente quase arrancado.

Foi uma sessão de espancamento que teve origem na intolerância de um pastor, Ney Valdecy Ferreira, que teria ficado incomodado com a presença de uma mulher recém-separada do marido.



Esta mulher foi até a igreja para deixar a filha com o ex-marido. Ao entrar, o pastor Ney foi na direção del e perguntou o que fazia ali, já que, separada, não era mais bem-vinda.

Quem conta é a própria mulher, entrevistada por Giovani Júnior, na TV Vila Vila Real:


“Ele pegou no meu braço e me questionou o seguinte: ‘O que você está fazendo dentro desta igreja. Você não tem vergonha por ser ex-mulher dele e estar aqui dentro do ministério? Eu simplesmente fui até a igreja para poder levar a minha filha e deixar com o pai dela, porque fui casada com ele durante 17 anos. Deixei a minha filha lá, fui ao banheiro. Quando eu estava voltando, ele pegou no meu braço e me questionou isso: ‘o que eu estava fazendo lá na igreja.’ Eu disse para ele: ‘Solta de mim, e ele não quis soltar, e eu gritei: ‘Solta de mim.”

A mulher se sentou na igreja.

O pastor foi, então, conversar com outro dirigente da igreja, que se autointitula apóstolo. Dona Maria Aparecida, de 54 anos, mãe da mulher recém-separada, avó da adolescente levada para ficar com o pai, via tudo de longe, num canto da igreja, quando outra adolescente, filha do pastor, se aproximou, para tirar satisfação.

“O que sua filha está gritando com o meu pai?”, teria dito. E as duas começaram a discutir. O pastor, que havia subido ao palco para reclamar com apóstolo da presença da mulher separada, desceu do palco e foi na direção de dona Maria Aparecida.

“O pastor Ney saiu lá do púlpito, empurrou ela (a própria filha) e foi me esmurrando, só me esmurrando”, conta. Ela foi ao chão e, caída, foi chutada pelo homem de Deus, segundo testemunhas.

Maria Aparecida registrou boletim de ocorrência e a polícia foi até a igreja, para prendê-lo, mas o pastor Ney fugiu. O repórter o localizou pelo celular, e o pastor culpou a filha pelos hematomas em dona Maria Aparecida.

Questionado se a adolescente teria força para produzir os hematomas, ele desligou o telefone.

O pastor Ney apagou seu perfil no Facebook, onde ele se apresentava com um versículo bíblico em destaque, extraído do salmo 91: “Mil cairão ao teu lado, 10 mil à tua direita, mas tu não serás atingido”.




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