Andrei Kelin, embaixador russo no Reino Unido, criticou a "provocação militar" do destróier britânico HMS Defender no mar Negro, que entrou nas águas territoriais da Crimeia, pertencente à Rússia.
O incidente de quarta-feira (23) no mar Negro envolvendo as forças militares e de patrulha fronteiriça russas e o navio de guerra HMS Defender poderia ter provocado combates reais, e Moscou considera as informações de que Boris Johnson, primeiro-ministro britânico, aprovou pessoalmente o percurso ilegal do navio, um assunto "muito sério", disse Andrei Kelin, embaixador da Rússia no Reino Unido.
"O pesadelo de toda esta situação é que [as autoridades britânicas] estão tentando reforçar sua posição política com uma provocação militar, o que realmente […] poderia nos levar a um grave incidente militar, que o chefe do Estado-maior do Reino Unido admitiu ontem [25] à noite", disse no sábado (26) Kelin, falando ao canal YouTube russo Solovyov Live, em referência aos comentários recentes do general Nick Carter.
Citado na sexta-feira (25) pelo jornal The Telegraph, Carter falou sobre o incidente do mar Negro, afirmando que o perigo de um "guerra em larga escala" resultante "de uma escalada injustificada" era algo que o mantinha "acordado na cama à noite".
Segundo Kelin, se as decisões de levar o HMS Defender a atravessar as águas territoriais da Crimeia, controladas pela Federação da Rússia, "tivessem acontecido como nos jornais […] é algo muito sério".
Em sua reportagem, o The Telegraph indicou que a ideia de levar o destróier do Reino Unido dentro das águas territoriais russas foi dada por Ben Wallace, secretário de Defesa, e aprovada pessoalmente pelo premiê Johnson na segunda-feira (21). Além disso, Dominic Raab, secretário de Relações Exteriores, teria se oposto à ideia, advertindo que Moscou poderia de alguma forma "tentar tirar proveito" da situação.
Kelin diz não saber o mecanismo exato de tomada de decisões por Londres, e sugeriu não confiar necessariamente nos relatos dados na mídia britânica.
O embaixador russo não crê que a situação atual seja pior que na Guerra Fria, mas descreveu o atual estado das relações entre a Rússia e o Reino Unido como um "ponto zero" do qual agora será necessário se recuperar.
Andrei Kelin revelou que se reuniria com funcionários britânicos responsáveis por assuntos externos e de segurança, e que esperava obter informações sobre o que realmente aconteceu na quarta-feira (23).
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