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quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020

Primeiro reator nuclear do mundo árabe está pronto para operar



Reator nuclear dos Emirados Árabes Unidos está pronto para operar e é um marco na história do mundo árabe.

Usina nuclear dos Emirados Árabes Unidos (EAU) está pronta para entrar em operação, informou a agência regulatória local.
O reator de Barakah deve colocar os EAU no seleto grupo de 30 países que fazem uso da energia nuclear.
Construída por uma joint venture da Emirates Nuclear Corp. com a coreana Korea Electric Power Corp., a Nawah Energy Co., a usina receberá as suas primeiras recargas de combustível e deve atingir o nível de geração comercial nos próximos meses.
Outros países árabes, como o Egito e a Arábia Saudita, também querem construir usinas nucleares, gerando dúvidas acerca da segurança de tais empreendimentos em regiões geopoliticamente instáveis.
O reator de Barakah é o primeiro de quatro reatores de uso civil que o governo quer colocar em operação até 2023. As usinas, localizadas em uma região esparsamente povoada do país, deverão custar cerca de US$ 25 bilhões (R$ 108 bilhões).
A expectativa é que os reatores gerem cerca de 5,6 gigawatts quando estiverem operando plenamente, o que representa cerca de um quinto da atual capacidade instalada do país.

Risco de proliferação

A construção de uma usina nuclear no mundo árabe foi considerada por alguns como um risco para a estabilidade e segurança da região, uma vez que os EAU poderiam utilizar o combustível da usina, o urânio enriquecido, para produzir armas nucleares.
A Sputnik Árabe conversou com o representante dos EAU na Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), embaixador Hamad Alkaabi, sobre os riscos de proliferação que a usina pode representar.
"Os EAU têm obrigações ligadas à não proliferação de armas nucleares", disse o embaixador, lembrando que o país é parte do Tratado de Não Proliferação Nuclear.
"Nosso país trabalha dentro dos rígidos padrões do regime de não proliferação e salvaguardas, inclusive aqueles impostos pela AIEA", explicou.
Ele nota que, desde o início do programa nuclear dos EAU, o país abdicou da possibilidade de enriquecer urânio, o que impossibilitaria o país de produzir armas atômicas.
O país também abdicou do direito de reprocessar o combustível nuclear irradiado, o que poderia levar à obtenção de plutônio.

© AFP 2019 / JOE KLAMAR
Bandeira da Agência Internacional de Energia Atômica em frente da sede da organização em Viena
"Por isso, não há nenhuma base para afirmar que o nosso país possa usar seu programa nuclear para fins militares", afirmou.

Mundo árabe nuclear

Países árabes empreenderam esforços no passado para gerar energia nuclear com fins pacíficos. O Iraque de Saddam Hussein tinha um programa nuclear civil desenvolvido até Israel destruir seu reator de pesquisa Osirak, em 1981, reportou a Bloomberg.

© AP PHOTO / JAHAN
Reator nuclear de pesquisa francês Osiris, usado de modelo para a construção do reator iraquiano Osirak, destruído por Israel
O reator de Barakah é um marco na história da região. Os EAU, terceiro maior produtor de petróleo da OPEP, querem diversificar suas fontes de geração de energia.
Os EAU devem investir grandes quantias para treinar especialistas em engenharia nuclear para operar as usinas, lembrou Mark Hibbs, pesquisador não residente do Carnegie Endowment.
"Os EAU têm que construir uma equipe nacional de especialistas em muitas áreas para manter essas plantas operando de forma constante e eficiente", lembrou.
"Isso será desafiador, uma vez que desde o início do projeto praticamente todos os especialistas foram trazidos [para os EAU] do exterior."
Os EAU estão emprenhados em diversificar suas fontes de energia, centradas no gás natural. A cidade mais populosa do país, Dubai, tem a meta ambiciosa de gerar 75% de sua energia a partir de usinas solares e outras fontes renováveis até 2050.

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