O plano de construção naval da Marinha dos EUA tem se revelado, por norma, um desastre. Daí não ser estranho que o mesmo esteja acontecendo com o plano para a planejada classe de novos destróiers.
Quem o afirma, ressalvando estarem os dois fatos interrelacionados, é o analista David Axe, editor de defesa do portal National Interest, em um artigo consagrado ao programa de uma nova classe de destróiers norte-americanos.
Projeto demasiado oneroso
A Marinha dos EUA atrasou indefinidamente, em meados de 2019, a produção da nova classe de navios Large Surface Combatant, que substituiriam os atuais destróiers da classe Arleigh Burke e os cruzadores da classe Ticonderoga.
Alguns meses mais tarde, a Marinha confessou que não podia gastar US$ 20 bilhões de dólares (R$ 101,42 bilhões) ou mais anualmente para adquirir os necessários navios de maneira a aumentar sua frota de 295 para 355 embarcações, que era a meta estabelecida em 2016.
© AP PHOTO / MARINHA DOS EUA / FORD WILLIAMS
Destróier americano USS Porter lança míssil Tomahawk no mar Mediterrâneo em 7 de abril de 2017
Em consequência, a Marinha dos EUA suspendeu o planejamento de longo prazo de sua construção naval e apresentou uma proposta de orçamento para 2021 que contempla apenas oito novos navios de guerra, contra 12 ou 13 dos anos anteriores.
Em meio a este emaranhado, mal se houve falar da prometida classe de navios Large Surface Combatant.
Em declarações à USNI News, o vice-almirante Tom Moore, responsável pelas aquisições da Marinha norte-americana, apesar de elogiar o programa, admitiu que "adiar o processo foi a decisão correta", tendo em conta especificamente o seu custo.
Não é a primeira vez que a Marinha põe de lado um projeto de uma nova classe de embarcações. Aconteceu o mesmo com a classe de destróiers Zumwalt, acabando por encomendar somente três navios a US$ 7 bilhões de dólares por unidade (R$ 35,50 bilhões), antes de cancelar a produção.
Marinha em contenção de custos
Para contornar o problema com a suspensão do programa da classe Large Surface Combatant, a Marinha optou por adquirir por cerca de US$ 2 bilhões de dólares por unidade (R$ 10,14 bilhões) uma nova variante da classe Arleigh Burke, a Flight III.
Moore é da opinião que a Flight III serve para as necessidades de momento, tanto mais que estão apostando em força no desenvolvimento de uma nova classe de pequenas corvetas lança-mísseis com opção de serem tripuladas ou não tripuladas.
No entanto, apesar de menos custosos que os da classe Large Surface Combatant, os Flight III também acabam por significar um dispêndio avultadíssimo. Daí, a Marinha ter revisto em baixa a aquisição de embarcações de 13 para nove.
© REUTERS / AHMAD MASOOD
Destróier John McCain da Marinha dos EUA depois da colisão nas águas de Singapura em 21 de agosto de 2017
Poupança muito significativa, mas que ocasionará a redução da frota, de 355 para 310 navios também devido ao abate de embarcações em fim de vida.
Resta saber se essa frota em tamanho mais reduzido alguma vez incluirá os destróiers da classe Large Surface Combatant.
Nenhum comentário:
Postar um comentário